Fui para Cuzco há pelo menos 6 anos. Fui para lá com a intensão clara de fazer a trilha inca. Tinha visto as fotos de uma amiga e adorado a idéia, não só de ir para Machu Picchu, mas ir fazendo a trilha. São quatro dias de muita subida e descida chegando a 4200 m de altitude.
O grupo que estava comigo era minha irmã (minha companheira de viagens... digamos... diferenciadas), um casal de ingleses, dois amigos americanos e um professor mexicano. Minha irmã teve que deixar o grupo logo depois do almoço do primeiro dia. O ar rarefeito fez sua baixa. Ela voltou para Cuzco e foi encontar conosco em Águas Calientes. Nós continuamos viagem subindo, subindo.
A trilha é muito bonita. O amanhecer entre as montanhas é algo de especial. Além de que, a cada canto, há alguma ruina escondida, ou ainda pouco explorada. Eu ia sempre muito devagar, no meu passo, tentando chegar antes de escurecer no acampamento. Até porque aproveitava para tirar fotos quando não havia ninguém na trilha.
Meu guia sempre estava me ajudando... indo atrás de mim para eu nao me perder, o que é fácil porque há várias bifurcações no caminho. Além de me dar um incentivo para continuar, embora voltar não era a opção. Mas o cansaço por causa da falta de oxigênio chegava a ser enorme, ainda mais porque tenho problema nos joelhos. Eles estavam enormes de inchados, coisa que eu já sabia que aconteceria e já tinha me prevenido com joelheiras. Um problema que eu não contava era o aperto do sapato. Havia comprado botas novas e acabei usando uma meia muito grossa no primeiro dia. O que aconteceu foram dois dedões do pés com unhas completamente roxas, que eventualmente nas semanas seguintes acabaram caindo. Mas o bom de unha é que elas crescem de novo...rsrs
No último dia de caminhada, acordamos de madrugada e, mesmo embaixo de uma garoa chata, caminhamos por duas horas no escuro para ver o amanhecer do sol em Machu Picchu. Mas ainda teríamos que subir uma escadaria tão inclinada, que praticamente tinhamos que escalar os degraus. Então chegamos no topo. E esperamos o nascer do sol. E esperamos. E esperamos. E o dia amanheceu nublado. Com tantas nuvens, Machu Picchu estava completamente invisível abaixo de nós. Ficamos lá, sentados, meio decepcionados, já guardando as máquinas fotográficas, quando as nuvens de repente abriram caminho e lá estava: Machu Picchu, bem aos nossos pés. Foi o tempo de tirar rapidamente as fotos e as nuvens logo voltaram. Foi mágico.
Depois dessa trégua das nuvens, continuamos nossa caminhada até a ruina. Fomos conhecer todos os cantos, os lugares mais impressionantes e os detalhes mais escondidos. Ficamos um bom tempo apreciando a paisagem, correndo de lhamas (por algum motivo elas escolhem alguém e não param de seguir essa pessoa) e apenas ficando lá, absorvendo um pouco daquele lugar maravilhoso.
Mas tinhamos que voltar para Cuzco e eventualmente para casa. Tenho saudades de lá. Foi uma experiência invcrível.
PS: se você está se perguntando "cadê as fotos?" prometo que nos próximos dias eu coloco, mas ainda usava câmera com filme de papel e preciso escanear as fotos.